segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Bruno. 18 anos. Gay. Espancado até morrer, em São Paulo

Ontem, no centro da cidade, mais um caso de violência contra homossexuais. Não, desta vez não foi suicídio

por Patrícia Cornils — publicado 27/01/2014 11:20, última modificação 27/01/2014 11:22

Ele tinha 18 anos. Acabou o Ensino Médio no ano passado. Fez curso técnico, de administração. Faz duas semanas começou a trabalhar no consultório de uma dentista. Ela ficou impressionada com a inteligência do rapaz.
Maria me contava sempre, falava das notas dele. Eram muito boas. Tinha passado no vestibular da Unip, queria ser arquiteto. E a mãe não entendia direito, porque “ninguém lá na vizinhança nunca quis ser arquiteto”. Ele precisava trabalhar porque Maria não ia dar conta de pagar a faculdade sozinha. Maria trabalha em minha casa, uma vez por semana, há mais de dez anos. Ela não é somente mãe do Bruno — eram amigos, se falavam três, quatro vezes por dia no celular. Faz um ou dois anos, me disse: “Pati, Bruno me contou que é gay”. “E você, Maria?” “Amo meu filho. Só tenho medo que ele sofra alguma violência.” Ontem [sábado], meia-noite, Bruno e amigos foram beber na Augusta. Cinco e meia da manhã, na Rua Herculano de Freitas, ele e três amigos foram abordados por seis ou sete pessoas. Gritaram que era assalto. Os dois amigos correram. Bruno não. Pegaram o celular dele (velho), tiraram os tênis dele (All Star, igualmente velhos). E bateram no Bruno. Na cabeça do Bruno. Até matá-lo. IML: “Traumatismo encéfalo craniano. Instrumento contundente”. Boletim de Ocorrência 737/2014, 78o. DP: "Roubo. Artigo 157. Parágrafo 3o. se da violência resulta morte"

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